Está em fase preparatória o caminho que levará devotos e peregrinos até os restos mortais de Nhá Chica. A rota religiosa que leva o nome da beata parte da zona rural de Inconfidentes, onde foi construída uma capela para Nhá, e segue por um trecho de 250 quilômetros pelo o Sul de Minas, até o Santuário da Imaculada Conceição, em Baependi, onde viveu a maior parte de sua vida a primeira mulher descendente de escravos no Brasil a ser beatificada pela Igreja Católica.
Ao todo, o caminho envolve 14 cidades. Uma caminhada inaugural marcará o início da rota no dia 14 de junho, quando os peregrinos partirão da Igreja Matriz de Inconfidentes até o marco zero do caminho: a Capela Nhá Chica, na zona rural da cidade. Uma missa será celebrada no local, inaugurando oficialmente a rota de peregrinação.
No dia seguinte, em 15 de junho, partirá da capela o grupo de peregrinos que vai percorrer pela primeira vez a rota traçada em homenagem à beata. “Esperamos que as pessoas possam usufruir desse caminho como forma de desenvolver a espiritualidade. É também um trabalho para desenvolver o turismo religioso”, conta o jornalista Valmei Bueno, um dos idealizadores da rota.
Capela construída para Nhá Chica inspirou criação do caminho
Francisca de Paula de Jesus, a Nhá Chica, nasceu em São João Del Rei, em 1810, e viveu quase toda a sua vida em Baependi, onde tornou-se conhecida, ainda em vida, como Santa e mãe dos pobres. Por sua vida devotada à caridade e à Igreja foi beatificada em maio de 2013 pela Santa Sé católica. Ela é considerada a primeira mulher brasileira descendente de escravos a receber este reconhecimento da Igreja Católica.
Foi logo após a beatificação que surgiu a ideia de construir uma capela para Nhá Chica, em Inconfidentes. A homenagem se materializou em julho de 2017, no Bairro Romas, zona rural do município, em uma área particular. Não por acaso, a capela foi erguida no quilômetro 230 do Caminho da Fé, rota religiosa que inspirou os criadores do trajeto que homenageia a beata de Baependi.
A construção resultou de diversos mutirões de fieis, esforço que deu forma a uma arquitetura rústica, pensada assim para reproduzir a antigas casas de Minas Gerais. No dia 20 de julho de 2017, a capela recebeu as bênçãos do pároco de Inconfidentes, padre Antônio Brentegani. A época, o religioso ressaltou a simplicidade de Nhá Chica e a nova possibilidade aberta aos peregrinos com a construção da capela: “Aqui os peregrinos vão rezar e conhecer melhor a vida e as virtudes desta mulher simples”, considerou.
Mas a devoção por Nhá Chica levou os fiéis a projetarem um novo passo. Durante uma das missas de celebração de sua beatificação, surgiu a ideia de criar o trajeto religioso dedicado a ela. Desde então, o grupo se organiza em Inconfidentes para concretizar o projeto, o que finalmente acontecerá e junho.
Valmei conta que, nos últimos dias, o grupo já sinalizou parte do percurso. A expectativa dele é que o caminho se desenvolva aos poucos. “A gente lança a semente e os frutos vão nascendo com o tempo. Com fé e com devoção de maneira voluntária”, ressalta.